Você já parou pra pensar que contemplar as ruínas do passado pode ser tão importante quanto olhar para o presente?
Dando continuidade ao tema de ruínas, hoje trago o assunto por outra perspectiva.

O artista brasileiro Flávio de Carvalho (1899-1973) em seu livro “Os ossos do mundo” dedicou um de seus capítulos para escrever sobre “As ruínas do mundo”.
Ele escreve pensando em museus, galerias, coleções e castelos e diz que esses lugares são coisas interessantes para reviver o sopro das civilizações perdidas e esquecidas e erguer a esperança. Diz que o observador dentro do museu, tem a claridade do homem em voo, pois em poucas horas ele sobrevoa séculos de civilização.
Flávio diz que “destruir o passado é o mesmo que destruir a própria alma do indivíduo.” E diz que a nossa sensibilidade é precisamente os ossos do mundo organizados em coleção.Fala sobre o resíduo, e a ação arqueológica, que explora a compreensão, tenta alcançar as profundezas da espécie e diz que “o resíduo não recebeu o contato de um só homem isolado a um dado momento, mas sim o de uma história”.
Ainda diz que o resíduo apenas parece estático para quem o olha com uma ideia cronológica, pois ele tem movimento. O resíduo tem uma força e animosidade, por meio dele podemos sentir e compreender mais sobre uma época. E segue defendendo as coleções, dizendo que seu valor é inestimável e mal compreendido, e essa revolta com os ossos do mundo é uma atividade do iconoclasta, daquele que destrói imagens, e que ela não pertence ao período de magia e democracia.
Termina o texto com a frase: “As trevas são sempre niveladoras”