
No livro Que emoção! Que emoção? o historiador da arte Georges Didi-Huberman escreve sobre as emoções que nos acometem e que elas têm um poder de transformação. O autor lembra que é preciso confiar na criança que chora, mesmo na criança que existe dentro de si quando adulto. E quando se chora na frente do outro, é possível que a pessoa seja chamada de patética, com a intenção de desprezo, mas que a palavra páthos tem uma bonita história e carrega em si as emoções. Rememora na filosofia de Platão, Aristóteles e Kant a emoção como um impasse, como uma emoção que nos toma e deixa mudos, sem reação.
Lembra que a conotação das emoções para algo positivo é considerada em Hegel e Nietzsche, este último pensando as emoções como uma “fonte original”, que se manifesta na arte e na poesia. Didi-Huberman vai falar da emoção como uma moção, uma moção de colocar para fora nós mesmos. A emoção seria um movimento e ação que nos atravessa. “Algo como um gesto ao mesmo tempo exterior e interior, pois, quando a emoção nos atravessa, nossa alma se move, treme, se agita, e o nosso corpo faz uma série de coisas que nem sequer imaginamos”. E desse movimento e ação pode então surgir a arte.
Didi-Huberman recorre a Aby Warbug e seu Atlas Mnemosyne para afirmar que é como se a história das artes visuais […] pudesse ser lida como uma imensa história das emoções figuradas, dos gestos emotivos que Warburg denominava “fórmulas patéticas”. As emoções seriam também imagens que transmitem e transformam, se emocionar não é um ato passivo, assim como produzir uma obra de arte. Muitas emoções envolvem o processo criativo e também a observação e o contato que temos com as obras que um artista apresenta.
Livro: #georgesdidihuberman Que emoção! Que emoção?, Editora 34