A arte é capaz de nos salvar?

Pela Dra. Viviane Baschirotto, 21/05/2024

Há quem acredite que a arte é coisa fútil, que não serve para nada. Outros vão dizer que a arte é coisa elitista, coisa de quem não precisa se preocupar com pagar boletos.

Será?

Será que a arte é capaz de nos salvar? Ou ela não serve para nada mesmo?

Será que ela nos salva da nossa mediocridade? Do nosso sofrimento? Da maldade humana?

Se a arte fosse capaz de mudar caráter talvez tantos ditadores e pessoas que cometem crimes não conseguissem apreciar a arte, coisa que não acontece. Temos aí um grande exemplo na história com Hitler, responsável pelo Holocausto, sendo um apreciador de arte e ele mesmo sonhando em ser pintor em sua juventude.

Alain de Botton fala um pouco nessa direção em seu livro Arquitetura da felicidade, fica a indicação de leitura.

Mas se a arte não serve para mudar caráter, para que serviria então?

Tem aquela velha frase conhecida de Ferreira Gullar, grande pensador brasileiro, que diz que “A arte existe porque a vida não basta”.

O que seria de nossa miséria humana sem uma dose de beleza, de reflexão, de pensamento plástico? O que seria de nossos dias difíceis se não conseguíssemos enxergar algo além de nosso sofrimento?

Talvez o artista seja alguém que canaliza suas ideias, mas também seus sentimentos, suas sutilezas em suas obras. E entrega para nós, os espectadores, algo que antes não existia. A obra passa a ocupar então um fragmento de mundo que antes era nada, se torna lugar de contemplação, interação, beleza, caos, ideias, emoções ou apenas um alívio cômico diante da tragédia.

Essas reflexões não tem a pretensão de responder, mas de perguntar mesmo. Que outras perguntas a arte nos faz? Diariamente?

Vou rememorar uma citação de Leminski que eu mesma já publiquei aqui no site:

O indispensável in-útil

As pessoas sem imaginação estão sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa. Servir. Prestar. O serviço militar. Dar lucro. Não enxergam que a arte (a poesia é arte) é a única  chance que o homem tem de vivenciar a experiência de um mundo da liberdade, além da necessidade. As utopias, afinal de contas, são, sobretudo, obras de arte. E obras de arte são rebeldias.
A rebeldia é um bem absoluto. Sua manifestação na linguagem chamamos poesia, inestimável inutensílio.
As várias prosas do cotidiano e do(s) sistema(s) tentam domar a megera.
Mas ela sempre volta a incomodar.
Com o radical incômodo de uma coisa in-útil num mundo onde tudo tem que dar um lucro e ter um por quê.
Pra quê por quê?

LEMINSKI, Paulo. Ensaios e Anseios Crípticos. Curitiba: Pólo Editorial do Paraná, 1997, p.78-79.

Gosta de arte? Vem conhecer o curso Narrativas da Arte Contemporânea

Vamos juntos explorar algumas das maneiras como a arte contemporânea pode se apresentar?

  • Aulas gravadas e acesso vitalício;
  • 300 obras de arte abordadas;
  • Materiais extras para baixar em PDF;
  • Certificado.

Sua pesquisa é em artes visuais?

Você quer fazer uma pesquisa em História da Arte e não sabe por onde começar?

Você já começou uma pesquisa, mas não está satisfeito/a com ela e sabe que precisa de novas ações e estratégias para aperfeiçoar sua pesquisa?

Deixe um comentário